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Histórias que o povo conta #02 – Luta e revolução pela banda larga!

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Essa é a segunda e última parte de minha épica aventura. Talvez você queira ler a primeira parte, acessando:

Histórias que o povo conta #01 – O Iluminado

 

Durante muito tempo, meu reinado na grande rede prosperou. Grandiosos e audaciosos downloads, centenas de músicas baixadas, milhares de horas conectado diretamente com a mãe de todas as mães, com a detentora e embaixadora da alegria.

Eu avançava por terrenos jamais alcançados. A galopante conexão discada denotava minha autonomia e liberdade.

Contudo, o glorioso caminhar foi apunhalado pela velocidade das transformações tecnológicas. Como um voraz clarão, todo o cenário confortante estremeceu. Até hoje, não consigo precisar quando e onde… Tudo muito rápido… Tudo de supetão…

Mas estava lá. Como um postulado intransponível  a conexão de banda larga invadia o mercado brasileiro diante de meus incrédulos olhos. Todos aqueles comerciais e Outdoors rasgavam meu coração de forma impetuosa, e aos poucos, meus 33,3 Kbps já não eram mais suficientes.

A própria rede, antes tão amada e caridosa com os mais fracos, impunha limitações ao usuário como sites pesados, animações em flash e games cada vez mais exigentes. O mar sereno da navegação veloz transformara-se em tempestuosas ondas de lentidão e travamentos.

Como num grito de socorro, estava decidido: EU PRECISAVA DA BENDITA BANDA LARGA.

Desafio aceito. Convicções renovadas. Parti desesperadamente para minha missão.

Porém, triste realidade foi encontrar os altíssimos valores cobrados pelos tão sonhados 600 Kbps de conexão, e quase que imediatamente, chorei sozinho no relento do LAG e dos discadores. Como ela foi fazer isso comigo? Minha senhora e detentora da felicidade, minha amiga e fiel escudeira, minha confidente, minha base, minha internet…

Enquanto isso, minha juventude esgotava-se e cada vez mais, a faculdade exigia gastos e penúrias. Como sair desse paradoxo descomunal? Como livrar-me dos grilhões do passado e avançar pelos mais sofisticados cabos de fibra ótica? Como conseguir os malditos R$ 89,99 mensais, que me separavam da panaceia e da redenção?

Confesso que as memórias desse período sombrio de minha existência são confusas, tortuosas e fragmentadas… Contudo, recordo-me de ter encontrado a solução.

Solução pela qual vendi minha alma. Entreguei meu corpo e ímpeto ao mais sujo dos sistemas. Converti minhas potencialidades e força de trabalho em salário. Sim… Sim!

Caro leitor, deixei as garras do capitalismo caírem sobre mim. Me sacrifiquei por ela, tão sagrada Internet.

A luta persiste. A qualquer sinal de ventos de mudança na fatura da Internet (que hoje beira os 15 MB/s), estremeço e redobro meus esforços para garantir o pagamento.

 

 

 

Manter as portas da liberdade abertas. Eis minha missão. Eis meu trunfo!

 

 

 


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